Patologia e a Prática Incorreta

Obsessão e Saúde Mental

Enquanto a possessão demoníaca é estatisticamente irrelevante e rara, a literatura sobre os riscos da magia aponta para a obsessão como o perigo real e prevalente para os praticantes modernos e imprudentes.

Obsessão vs. Possessão

A obsessão (do latim obsessio, cerco ou assédio) difere da possessão na medida em que a entidade não toma o corpo, mas cerca a mente. O praticante que negligencia o banimento ou a "Licença para Partir" (o encerramento formal do ritual) mantém um link aberto com a entidade.

• Sintomatologia da Obsessão Goética:

  • Pensamentos Intrusivos: Ideias fixas que parecem estranhas à personalidade do indivíduo (e.g., um súbito desejo de violência em alguém pacífico após trabalhar com Andras ou Marchosias).

  • Inflação do Ego: A crença delirante de ter poderes divinos ou messiânicos, comum em quem trabalha sem a humildade imposta pelos Nomes Divinos.

  • Ruína Material: Contrariamente ao objetivo de obter riqueza (com Bune ou Clauneck), o praticante inovador muitas vezes experimenta uma reversão de fortuna, perdendo emprego e relacionamentos, pois a energia "caótica" do espírito transborda sem a contenção do Triângulo.

A Interseção com a Psicopatologia

Do ponto de vista acadêmico e psiquiátrico, práticas rituais intensas sem estrutura de aterramento (grounding) podem precipitar episódios em indivíduos com latência para transtornos mentais. O ritual tradicional, com seu início, meio e fim claros, atua como um mecanismo de proteção psicológica, delimitando a "realidade mágica" da "realidade cotidiana". A prática moderna "fluida", onde o mago tenta viver magicamente 24 horas por dia ou invoca entidades para sua mente constantemente, borra essa fronteira. Isso pode levar a quadros que mimetizam ou desencadeiam esquizotipia ou transtornos dissociativos. A "psicologização" da magia, ironicamente, torna-se uma armadilha psiquiátrica: ao convidar o "demônio" para ser parte da psique, o indivíduo pode perder a capacidade de distinguir entre seus próprios pensamentos e a influência externa.